Réus no assassinato do prefeito eleito Loir Dreveck podem ser julgados ainda este ano |
Os quatro acusados pelo envolvimento no assassinato do então prefeito eleito de Piên, Loir Dreveck, morto em dezembro de 2016, e de Genésio de Almeida, poucos dias antes, devem ir a julgamento neste ano. Pelo menos esta é a expectativa do advogado Samir Mattar Assad, contratado pela família Dreveck para auxiliar na acusação. Ele diz que a data do julgamento depende tão somente de um despacho do Judiciário. Estão na lista dos réus o ex-prefeito de Piên, Gilberto Dranka, o ex-presidente da Câmara, Leonides Maahs, o mecânico Orvandir Pedrini e o pistoleiro Aminton Padilha. Destes, só Padilha segue preso e os demais respondem em liberdade.
Samir conta que a defesa dos acusados trabalha no sentido de esgotar todos os recursos, o que conforme ele, é algo que faz parte do processo. A última movimentação foi o pedido da retirada da qualificante “associação criminosa”, que o Ministério Público acabou recorrendo. “Nossas expectativas é que o recurso seja admitido e, em seguida, seja efetuada a baixa para que o julgamento possa ser marcado. No momento estamos na dependência desse único despacho”, disse.
O advogado explica ainda que não acredita que a qualificante de associação criminosa seja retirada do processo, porque a investigação demonstrou que os quatro réus agiram em conjunto para cometer os crimes. “A defesa dos acusados também está batendo forte para o caso não ir à júri popular, mas a pronúncia foi baseada em um inquérito. Acho pouco provável que isso mude. Já houve casos em que foram anulados julgamentos pelo Tribunal do Júri, mas são casos onde as provas são fracas, o que não é fato agora. Temos muitas provas, inclusive o depoimento do Gaúcho (Orvandir Pedrini) que revelou toda ação”, acrescentou.
Relembre o caso
O atentado contra Loir Dreveck ocorreu em 14 de dezembro de 2016, ganhou destaque nacional. Ele foi baleado na cabeça próximo a São Bento do Sul enquanto viajava com a família e chegou a ficar internado na UTI, mas faleceu dois dias depois. O crime aconteceu poucos dias depois de outra morte, a de Genésio de Almeida. Ele foi assassinado no dia 4 de dezembro de 2016, também vítima de uma emboscada sendo alvejado na cabeça por um motociclista. A semelhança dos crimes chamou a atenção da polícia, que após investigações constatou que Genésio foi morto por engano, por estar com carro da mesma marca do de Loir e por ter características físicas semelhantes à do então prefeito eleito.
A investigação do caso ficou à cargo do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), da Polícia Civil do Paraná. Com base no material coletado, no dia 31 de janeiro de 2017 uma operação foi desencadeada resultando na prisão dos quatro acusados. O caso repercutiu em todo o país, especialmente pelas imagens mostrando o ex-prefeito Gilberto Dranka sendo retirado do esconderijo no sótão da casa onde morava no Centro da cidade.
Liberdade provisória
Dos quatro acusados, apenas o atirador Amilton Padilha continua preso. Em fevereiro de 2018 o Tribunal de Justiça do Paraná concedeu habeas corpus ao ex-prefeito Gilberto Dranka, e ao ex-presidente da Câmara de Vereadores Leonides Maahs. Pouco tempo mais tarde, no fim de maio do mesmo ano, o mecânico Orvandir Pedrini foi solto. Os três acusados aguardam pelo julgamento em liberdade provisória utilizando tornozeleiras eletrônicas.
O fato de Gilberto, Leonides e Orvandir estarem soltos, vivendo suas vidas normalmente, é o que mais choca e aterroriza os familiares de Genésio e Loir. Nos últimos meses, em frente ao cemitério municipal de Piên onde Loir foi sepultado, foi instalado um outdoor com a frase "Piên espera por justiça". Enquanto isso, Gilberto vem sendo visto frequentemente em seu posto de combustíveis. Já Leonides tem visitado algumas lojas próximas à sua residência, onde vem recebendo muitas visitas.
Sobre o julgamento
O julgamento dos quatro acusados deve durar, conforme o advogado da família Dreveck, entre dois a três dias. Ele se recorda que durante as audiências de instrução foram necessários dois dias para serem ouvidas as testemunhas de acusação e defesa. “No Tribunal do Júri as testemunhas terão que serem ouvidas novamente. Além disso, tanto a defesa quanto a acusação terão duas horas e meia para se manifestar. Em meu entendimento, todo processo está indo rápido. É um caso, que se comparado a outros, pode ser considera muito célere. Além disso, toda investigação está muito bem instruída. Resta aguardar o agendamento da data do julgamento”, finalizou Samir.