Mari Pavarim perdeu seu marido Genésio de Almeida, que foi assassinado por ter sido confundido com Loir Dreveck |
A professora Maria Pavarin, viúva do técnico em segurança do trabalho Genésio de Almeida, assassinado em dezembro de 2016 ao ser confundido com o prefeito eleito de Piên, Loir Dreveck, esteve em São Bento do Sul há poucos dias e conversou com A Gazeta sobre como segue a vida após o homicídio do marido. Mari, como é conhecida, falou do vazio que a acompanha desde o triste fim do homem que conforme ela, era o seu porto seguro.
Maria lembrou que gostava muito de passear com seu marido em São Bento. Agora, nos dias atuais, ela diz ser preenchida por uma grande tristeza quando retorna à cidade e também visita Piên. Na época em que ele foi baleado, Genésio residia com uma irmã, em Piên, e todos os dias vinha para São Bento para trabalhar. Enquanto a esposa seguia em Irineópolis. "Ele me ligava e me mandava mensagens todos os dias, perguntando como eu estava. Me chamava sempre de 'amore mio'", relembrou.
Desde que Genésio foi assassinado, Mari vem passando por dificuldades financeiras e vive uma vida repleta de saudades enquanto espera por justiça. Até há alguns meses, ela morava com um dos filhos do primeiro casamento de Genésio. "Temos cinco filhos, sendo que três são do meu primeiro casamento, e dois que ele tinha. Ele adotou meus filhos e eu os dele. Éramos uma família muito feliz. Temos cinco netos, o mais novo o Genésio infelizmente não pôde conhecer”, lamentou.
Conforme a viúva, Genésio estava morando há cerca de um ano em Piên. Segundo ela, o marido costumava viajar muito por conta de sua profissão e tempos antes de ir para Piên, trabalhou no Rio de Janeiro. “Ele era um marido perfeito. Não bebia, não fumava. Sempre me respeitou, era um homem trabalhador e honesto que acreditava muito em Deus. Todas as noites antes de dormir e quando acordava, ele sempre lia a bíblia. Essa foi a primeira coisa que ele me ensinou quando começamos nosso relacionamento, a ler a bíblia todos os dias”, relembrou.
Mari conta que o Natal e Ano Novo passou com os filhos de Genésio, e inclusive com a ex-mulher dele. Apesar da união e o respeito entre as famílias, ela diz que suas festividades de fim de ano nunca mais serão como antes de Genésio ser assassinado. “Não tem mais graça. É muito vazio. Eles tiraram o Genésio de nós. Graças à igreja estou me mantendo firme e o que resta para mim é lutar por justiça. E junto da Rosilda e dos familiares do Loir, vamos até o fim, porque esses assassinos não podem ficar soltos e viverem suas vidas normalmente, como se nada tivesse acontecido depois de terem destruído nossas famílias”, disse, sob forte emoção.
Celular e uma bíblia
A irmã de Loir, Rosilda Dreveck, conta que no dia em que Genésio foi assassinado, em 4 de dezembro de 2016, a Polícia Militar ao chegar no local do crime encontrou dentro do veículo em que ele estava apenas o celular, com a última mensagem encaminhada à esposa Maria, com o texto: “bom dia amore mio”, encaminhada por volta das 7 horas, e uma bíblia, a qual Mari tem guardada até hoje, toda manchada com o sangue de seu marido. Às 7h30 Maria Pavarin recebeu a notícia que seu marido estava morto.
Naquele dia, Genésio foi assassinado a sangue frio com quatro tiros na cabeça enquanto seguia para seu trabalho. Ele estava com um veículo da mesma cor, marca e modelo que Loir Dreveck também estava dirigindo. Loir havia passado pelo mesmo local dez minutos antes de Genésio ser assassinado e, além do veículo ser igual, ambos tinham características físicas semelhantes e o atirador ao invés de matar Loir, acabou tirando a vida de Genésio por engano. Poucos dias depois, o atirador finalmente conseguiu matar o então prefeito eleito, também com tiros na cabeça.
Morto na rodovia
Maria disse que após receber a notícia do assassinato de seu marido, não teve nenhuma dúvida que ele havia sido morto por engano. “Vivi uma tempestade até o dia em que o Loir foi morto, porque diziam que meu marido era traficante, que ele tinha uma amante. Quando me chamaram na escola em que trabalho para ver as notícias do assassinato do Loir, entendi tudo. É muito triste, mas se não fosse a morte do Loir, meu marido ia ser somente o homem que foi morto na rodovia. Nunca iríamos saber quem eram os responsáveis”, afirmou.
Para Mari, o que mais doí em seu coração após a morte do marido é o fato do ex-prefeito Gilberto Dranka, o ex-presidente da Câmara de Vereadores, Leonides Maahs, e o mecânico Orvandir Pedrini, réus na ação, estarem podendo aguardar pelo julgamento em liberdade. Dos quatro acusados, apenas o atirador Amilton Padilha continua preso. “Eles mataram meu marido, mataram o Loir e estão vivendo tranquilamente como se nada tivesse acontecido. Como conseguem viver na mesma cidade em que cometeram essas brutalidades? Infelizmente o que resta para nós é acreditar na justiça, porque já sabemos e não temos nenhuma dúvida que eles são os culpados”, finalizou.