Um fato inusitado marcou a sessão da Câmara de Vereadores de Agudos do Sul nesta segunda-feira. Isso porque os vereadores da base aliada do prefeito em exercício, Genézio Ferreira, que estava como vereador e acabou sendo eleito prefeito interino em eleição indireta realizada na Câmara de Vereadores no último mês de julho, abandonaram a sessão, obrigando o presidente do Poder Legislativo, Nei Rocha (MDB), a suspender a reunião parlamentar por falta de decoro.
Os vereadores que abandonaram
seus postos foram Nide Ferreira (PSD), Elizeu Machado (MDB), Renato Woiciekovski
(PSB), Valdir Vasco (PL) e Cornélio Grosskopf (Progressistas). Eles se
ausentaram da sessão, conforme explicou o vereador Nide Ferreira, porque o
presidente da Câmara de Vereadores, Nei Rocha, não colocou para votação um
projeto de autoria da prefeitura, que prevê a suplementação de mais de R$ 13
milhões no orçamento vigente. Houve bate boca entre os vereadores e após a fala
do vereador Nide, os parlamentares citados se ausentaram do plenário.
O vereador Nide Ferreira explicou os motivos que levaram os parlamentares a abandonarem a sessão da Câmara de Vereadores. “A gente já foi barrado mais vezes, mas eu estou acostumado e por repúdio vamos sair dessa sessão, não vamos ficar votando porque não estamos aqui para ficar votando só indicações. Temos projeto de grande valor em prol de nosso município temos projeto de quase R$ 14 milhões que vem para ajudar nosso município”, disse Nide. “Então, nós, em repúdio, não vamos ficar aqui, porque isso é um desrespeito com a nossa cidade”, disse. Em seguida os vereadores citados se levantaram e abandonaram a sessão.
O presidente da Câmara explicou
que o projeto em questão não passou pelos prazos regimentais e solicitou que a
advogada da Câmara, Vivência Glesia Morais, explicasse maiores detalhes. “Chegou do Poder
Executivo, o Projeto de Lei Nº 16, que autoriza abertura de crédito adicional
especial no orçamento do município no valor de R$ 13.700.000,00, contemplando
várias secretarias. Esse projeto veio em regime de urgência e foi cadastrado no
sistema no dia 17 de julho. Acontece que em julho esta Casa entrou em recesso e
com o recesso parlamentar todos os prazos de tramitação ficam suspensos”, explicou.
Advogada da Câmara de Vereadores, Vivência Glesia Morais, explicou que o projeto em questão ainda está no prazo regimental de tramitação |
A advogada explicou ainda que
apesar da aprovação do pedido de urgência e a suspensão do recesso parlamentar,
os prazos de contagem de tramitação do projeto foram suspensos. “Então, até a
semana passada, no dia 12 de agosto, esse projeto conta apenas com 14 dias de
tramitação, exceto que o prazo para apresentação é de 45 dias, contados a
partir da aprovação do regime de urgência, que foi aprovado no dia 27 de julho”,
elencou. “Esse projeto tramitou pelas comissões e houve a primeira votação no
dia 19 de agosto, onde foi aprovado por unanimidade. O presidente ainda tem
muito prazo para apreciar e no momento oportuno o projeto será colocado em pauta”,
completou a advogada ressaltando que o presidente Nei Rocha está amparado no
Regimento Interno da Câmara de Vereadores, que estipula os prazos para
tramitação e votação dos projetos enviados para o Legislativo.
Presidente da Câmara de Vereadores, Nei Rocha lamentou o fato e por falta de decoro teve que suspender a sessão da Câmara de Vereadores |
O presidente da Câmara lamentou o episódio e elencou que a politicagem tomou conta da Câmara de Vereadores de Agudos do Sul. “A Mesa Diretora estuda os projetos e os vereadores chegam aqui com papel na mão e querem empurrar as coisas goela abaixo. Fazemos reuniões nas quintas-feiras e ninguém vem. Não é assim que as coisas funcionam. O que é bom para o município ninguém é contra”, elencou. Em seguida, por falta de decoro parlamentar, Nei Rocha se viu obrigado a suspender a sessão.
Clima tenso
Desde a cassação do agora ex-prefeito
Jesse Zoellner (PSD), por compra de votos via PIX na eleição
suplementar de 2022, o clima político em Agudos do Sul está cada vez mais
tenso. Apesar de cassado e com seus direitos políticos suspensos, Jesse se
candidatou a vice-prefeito na chapa de Genézio Ferreira, que tempos antes,
vinha pedindo a cassação do prefeito por compra de votos junto ao Tribunal Regional
Eleitoral (TRE-PR). Genézio chegou a integrar uma comitiva de vereadores e
lideranças políticas de Agudos do Sul que agendaram uma audiência com o
presidente do TRE-PR, o desembargador Sigurd Roberto Bengtsson, em julho, para
pedir agilidade no julgamento do processo do ex-prefeito, que vinha se alastrando
na corte do TRE-PR por mais de um ano. Desde então o cenário político em Agudos
vem sendo abalado por diversos acontecimentos pitorescos.