Prevenção de suicídios em debate na Câmara de Piên em pleno Setembro Amarelo

 

Vereadora Seandra levantou a questão no plenário da Câmara de Vereadores - FOTO: reprodução transmissão da sessão (Youtube)

Uma questão muito importante foi levantada pela vereadora Seandra Cordeiro de Oliveira na sessão da Câmara de Vereadores desta semana. Trata-se da campanha Setembro Amarelo que prevê a conscientização e a prevenção de suicídio, que vem crescendo no Brasil e em todo mundo. Seandra elencou sobre importância de disponibilizar atendimento psicológico para população pienense e reclamou da ausências de profissionais nessa área no serviço público municipal.

As colocações da vereadora sobre o assunto, vieram à tona nas vésperas de mais um caso de suicídio ocorrido em Piên, onde um jovem, da comunidade de Palmitos, acabou tirando a própria vida na madrugada desta quarta-feira. Na visão da parlamentar, o município precisa dedicar um olhar mais criterioso e cuidadoso para o assunto a fim de se prevenir novos atos de suicídio em Piên.

Seandra iniciou sua fala elencando que em Piên, falta muitos profissionais para zerar a fila de espera para atendimentos psicológicos. “Existe um Déficit grande na atuação desses profissionais em Piên. Temos apenas um psicólogo para atender na saúde, um para atender na educação e outro profissional para atender na Assistência Social”, disse. “Porém, a demanda de atendimento é grande e assim, muitos munícipes acabam desasistidos. Embora tenhamos uma grande quantidade de pessoas precisando desses atendimentos, não temos profissionais para vencer essa demanda”, completou.

A vereadora questionou as ações do atual governo municipal elencando que alguns munícipes já procuraram a vereadora para reclamar sobre a falta de atendimentos de psicólogos em Piên. “Dias desses uma conversei com uma senhora, a criança dela já deu seu nome para atendimento em fevereiro deste ano e até agora não foi chamada. Então a gente precisa dar uma celeridade nisso porque as doenças psicológicas só vêm aumentando  e uma doença que está ai silenciosa crescendo dia a dia, afetando principalmente nossos jovens, adolescentes e crianças. Temos tentativas de suicídio dentre crianças aqui em nosso município. Então isso é uma realidade que precisamos mudar, porque daqui a 10 ou 20 anos não adianta chorar quando um psicopata entrar numa escola e ocorrer uma tragédia”, elencou.

Por fim, Seandra elencou sobre o tema do Setembro Amarelo deste ano – Se precisar peça ajuda – enaltecendo que, infelizmente, muitas pessoas que precisam de ajuda não têm condições de procurar por um atendimento psicológico.  Ela ainda elencou que o Setembro Amarelo deve ser trabalhado mais amplamente afim de se reduzir as tristes estatísticas relacionadas a suicídio no Brasil.

 

Tristes estatísticas

um estudo recém-publicado na The Lancet Regional Health – Americas, desenvolvido pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia), em colaboração com pesquisadores de Harvard, aponta que a taxa de suicídio entre jovens cresceu 6% ao ano no Brasil entre os anos de 2011 e 2022. Já as taxas de notificações por autolesões na faixa etária de 10 a 24 aumentaram 29% a cada ano nesse mesmo período. O número foi maior que na população em geral, cuja taxa de suicídio teve crescimento médio de 3,7% ao ano e a de autolesão 21% ao ano, neste mesmo período.  

Segundo Flávia Jôse Alves, pesquisadora do Cidacs/Fiocruz e líder da investigação, para chegar às conclusões, a equipe analisou dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Sistema de Informações Hospitalares (SIH) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). “As taxas de notificação por autolesões aumentaram de forma consistente em todas as regiões do Brasil no período que analisamos. Isso também aconteceu com o registro geral de suicídios, que teve um crescimento médio de 3,7% ao ano”, explicou.

 

Redução global, mas aumento nas Américas

Apesar da redução de 36% no número de suicídios em escala global, as Américas fizeram o caminho inverso. No período entre os anos 2000 e 2019, a região teve aumento de 17% nos casos. Nesse período, o número de casos no Brasil subiu 43%.

Em relação aos casos de autolesões no Brasil, a pesquisa do Cidacs/Fiocruz constatou que, em 2022, houve aumento das taxas de notificação em grupos de todas as faixas etárias, desde os 10 aos mais de 60 anos de idade.

A pesquisa também avaliou dentro desse período os números de suicídios e autolesões em relação a raça e etnia no país. Enquanto há um aumento anual das taxas de notificação por essas lesões autoprovocadas em todas as categorias analisadas – indígenas, pardos, descendentes de asiáticos, negros e brancos – o número de notificações é maior entre a população indígena, com mais de 100 casos a cada 100 mil pessoas.

 

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