Conflito no Oriente Médio: Entenda como Começou e suas Consequências

 

Foto: Jim Urquhart/REUTERS

Nesta última terça-feira (1), vários jornais ao redor do mundo noticiaram um ataque iraniano, com mísseis balísticos e de cruzeiro, ao território de Israel. Embora o conflito não afete diretamente o Brasil, pode gerar consequências globais, principalmente nas áreas da economia que necessitam do petróleo, produto o qual o Irã comercializa em larga escala.

O lançamento de 200 mísseis contra Israel foi, segundo o próprio governo iraniano, uma forma de retaliação por conta das mortes de líderes de grupos extremistas, os quais tinham ligações diretas com o governo iraniano. Um deles foi o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, que foi morto em julho deste ano na cidade de Teerã, capital do Irã. O outro líder, cuja a morte motivou esta ação de vingança iraniana, foi Hassan Nasrallah, do grupo Hezbollah, este foi morto em um bombardeio israelense em 27 de setembro de 2024.

Já Israel, mesmo conseguindo deter a maior parte dos mísseis e sofrendo poucos danos, já deixou claro, através do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que esta ação dos líderes iranianos foi “um grande erro” e que Israel irá revidar.

Agora, os conflitos se alastram em sete linhas de frente, com Israel combatendo o Irã no “círculo de fogo”, região chamada dessa forma devido a presença de grupos e milícias financiadas e armadas por Teerã. As outras linhas de frente enfrentadas por Israel são: Hamas, na faixa de Gaza; Hezbollah, no sul do Líbano; governo e milícias na Síria; rebeldes Houthis, que controlam boa parte do Iêmen; grupos paramilitares xiitas no Iraque; militantes de vários grupos na Cisjordânia.


Início dos conflitos

Estes conflitos que vem escalando dia após dia, tiveram seu início no dia 7 de outubro de 2023, quando militantes do grupo extremista Hamas efetuaram ataques brutais contra civis na faixa de Gaza, sul de Israel.

Na ocasião várias atrocidades foram relatadas, como violência sexual e assassinato de crianças e bebês. Também teriam sido levadas várias pessoas como reféns, estes que viriam a ser torturados e usados para chantagear o estado israelense, visando evitar retaliações contra o grupo.

Em resposta aos ataques, o governo de Israel, começou a realizar diversos bloqueios na fronteira de Gaza e ataques com mísseis contra bases do Hamas, visando atingir os líderes do grupo que estivessem presentes na região.

Após estas ações israelenses diversos grupos extremistas, se juntaram ao Hamas em ataques contra o Estado de Israel.


Impacto econômico global

Foto: Agência Petrobrás


Com este capítulo recente do conflito no Oriente Médio, surgem mais preocupações além da tragédia humanitária, pois o Irã é um grande produtor de petróleo, o que pode gerar diminuição na produção e aumento no preço, situações que podem impactar diversas áreas da economia global. Para se ter uma base do impacto iraniano no mercado global de petróleo, apenas na terça-feira, após os ataques, o preço da commodity subiu 3,85% e manteve o ritmo de alta na quarta-feira.

Em 2023, o Irã foi o 7º país que mais produziu petróleo no mundo, tendo uma produção média de 3,9 milhões de barris por dia, representando cerca de 5% da produção global. Sozinho, o Irã, pode não representar ter muita força, mas o trunfo do país é sua participação na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep+).

Esta organização trata-se do cartel petrolífero mais importante do mundo, tendo como outros participantes a Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Venezuela, Rússia, entre outros. Sendo responsável por mais de 45% da produção global de petróleo, o grupo pode agir em apoio ao Irã, reduzindo sua produção e forçando o preço do produto a subir drasticamente, causando uma crise de abastecimento global.

Outra carta presente na manga do governo iraniano, é a sua geolocalização, que compreende o Estreito de Ormuz. Este estreito trata-se de uma passagem que liga o Golfo Pérsico ao Oceano Índico e é uma das principais rotas de escoamento de petróleo do Oriente Médio para o resto do mundo, sendo cerca de 20 a 30 milhões de barris de petróleo todos os dias.

Imagem representativa do Estreito de Ormuz


Em abril deste ano o Irã já ameaçou fechar o estreito e impedir a circulação da commodity, embora isso poderia gerar desconfortos entre o Irã e outros membros da Opep+. Vale ressaltar que o Irã já usou a região para bloquear embarcações específicas de países considerados inimigos, tática que poderia ser usada novamente.


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