Quais foram os argumentos a favor e contra a criação de novos 23 cargos comissionados na prefeitura de Piên

 

Prefeitura de Piên terá 23 novos cargos comissionados - FOTO: Divulgação
 

Sem sombra de dúvidas, o projeto mais polêmico aprovado na sessão extraordinária da Câmara de Vereadores esta semana, é o projeto de número 003/2025, de autoria do prefeito, que visa criar no âmbito da administração pública 23 novos cargos comissionados. É importante analisar quanto a este projeto as falas dos vereadores pró e contra a medida, que inclusive gerou grande repercussão em Piên.

Para contextualizar é importante salientar que neste projeto estão sendo criados os cargos de diretor de área e outro cargo para apoio administrativo, para cada secretaria. No caso o diretor de área, será uma espécie de número 2 na pasta, recebendo quase um salário equivalente a de um secretário, que ultrapassa a ordem de R$ 8.500,00. Outro detalhe importante destacado pela vereadora Seandra, neste projeto, são as variações dos salários dos cargos, que podem variar, por exemplo, de CC3 a CC8, isto representa uma variação de mais de R$ 5 mil, aproximadamente.

Seandra chegou a argumentar em sua fala que o mesmo ocorreu na última reforma administrativa promovida pelo prefeito de Piên, no ano de 2022. “Acho isso muito estranho, pois cada cargo poderá receber, por exemplo, de CC3 a CC8, sendo que a função é a mesma, mas a pessoa poderá receber entre 3 a 6 mil por exemplo. Isso não me parece nem um pouco coerente, pois qual critério será utilizado para se pagar, R$ 4, R$ 5 ou R$ 6 mil?”, indagou.

O estudo de impacto financeiro da criação destes novos 23 cargos comissionados gerará um despesa anual, segundo estudo da própria prefeitura, de mais de R$ 5 milhões por ano, isto é, em 4 anos, os custos ultrapassarão os R$ 20 milhões. Esse foi um dos pontos elencados por Gabriel Busch (MDB). “Como vamos mencionar a efetividade desses 23 cargos comissionados? Com salários nas alturas. Esse impacto de R$ 5,2 milhões é dinheiro que está sendo tirado de nossa saúde, da educação, do remédio do pienense, dos exames da população. É por isso que fico com um pé atrás, pois se de fato esses novos cargos irão trazer alguma efetividade e melhoria para nossa população. Esse valor de R$ 5,2 milhões serão tirados de áreas prioritárias, como saúde e educação, por isso, sou totalmente contrário a esse projeto. Não. Eu to fora”, disse o vereador.


O que diz a prefeitura?

A prefeitura de Piên se manifestou por meio de sua assessoria de imprensa elencando que valor de R$ 5,2 milhões, que consta no projeto, refere-se ao custo total da folha de pagamento da prefeitura, já incluso os novos 23 cargos. 

Menos para saúde

Seandra ainda fez questão de mencionar que mensalmente, se preenchidos todos os cargos, serão gastos apenas em salários mais de R$ 262 mil. “Eu como servidora da saúde não posso achar isso normal. O fato de se contratar 23 cargos comissionados na área administrativa  enquanto não temos um fisioterapeuta na nossa cidade, não temos um fonoaudiólogo, um psicólogo para atender uma fila de espera de mais de 500 pessoas. Não temos nem sequer um pediatra”, disse.

Seanda ainda denunciou que o município tem dois aparelhos de ultrassom que estão “jogados” em salas da secretaria de saúde. “Existe um aparelho de odontologia, e eu não iria dizer isso sem ter provas, que estão parados há mais de 6 meses, sem ninguém para operar esse equipamento, enquanto mulheres grávidas de Piên tem que se dirigir para outras cidades para fazer exames. Não seria melhor investir R$ 262 mil e contratar alguém para operar esse equipamento? Será que com R$ 262 mil não poderíamos contratar um fisioterapeuta? Novos médicos para atenderem nos postos de saúde que estão fechados?”, indagou.

Seandra ainda disse que muitas pessoas que passaram no último concurso público de Piên estão dizendo que vão embora por conta de salários baixos. “Temos sim muitas necessidades em Piên, infelizmente, que não estão sendo vistos como prioridade. No momento atual o mais importante para a gestão é criar 23 novos cargos comissionados, do que ter um fisioterapeuta. Se tem dinheiro para se contratar, vamos contratar médicos pois temos vários postos de saúde fechados, sem médicos. Não foi essa proposta que fiz para o povo de Piên, em se criar 23 cargos comissionados, quando fui pedir voto na campanha além do mais todo mundo sabe que nossa saúde não está boa”, concluiu.

Seandra fez questão de relembrar que Piên tem uma receita anual que ultrapassa a ordem de R$ 86 milhões, sendo que atual gestão irá pegar mais R$ 24 milhões, isto é, estamos falando de uma receita de mais de R$ 110 milhões. “Será que com tudo isso de receita, a gente realmente não consegue deixar que as pessoas esperem menos de 2 anos na fila de espera para um procedimento médico? Um projeto desse jamais deveria ter sido encaminhado em regime de urgência para Câmara. A prefeitura deveria se sentir constrangida em mandar isso sendo que temos tantas outras prioridades e necessidades”, concluiu Seandra.

Gabriel também mencionou que acha incoerente a prefeitura pedir R$ 24 milhões em empréstimos, sendo que vai aumentar em mais de R$ 20 milhões os custos com pessoal. “Então vão pegar dinheiro porque precisam, mas vão aumentar os gastos. Isso parece incoerente esse aumento de despesa. Porque perdemos essa segurança que tínhamos em Piên? De repente, se vier uma crise, teríamos essa margem”, lamentou.

 

O que dizem os favoráveis aos novos cargos comissionados

No geral os vereadores que votaram a favor da criação dos novos cargos comissionados, se prevaleceram na justificativa de que o município está crescendo e que, por isso, é necessário “mais braços” para trabalhar na gestão. Kelvin da Silva (PSB) disse por exemplo, que existem funcionários comissionados na prefeitura que estão acumulando três funções. Já Sabrina Reck (Republicanos), enalteceu que os R$ 5,2 milhões de impacto financeiro com os novos cargos, não se referem apenas a pagamento de salários. “Penso que é dessa forma, quanto mais agente crescer, mais braços vamos ter que ter para trabalhar”, disse.

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